sexta-feira, 27 de julho de 2007

Músculos

A academia está cheia. Cheia de corações vazios e mentes despreocupadas. Cheia de valores banalizados e aparências. Mas estão todos bonitos.
Graças a Deus as pessoas ainda malham. Graças a Deus as pessoas dedicam horas à academia, na prática de lutas, pesquisando sobre energéticos e fórmulas emagrecedoras. Sempre fico satisfeito por estas pessoas ainda freqüentarem a academia. Pense, se eles inventam de investir essas horas que passam cultuando seu próprio corpo em estudos, em aperfeiçoamento profissional. Aí sim o mercado seria competitivo. Aí seria muito mais difícil do que é hoje se destacar em um mercado onde quem tem mais condições financeiras de investir na carreia acaba tendo mais chances de conquistas. Mas as pessoas estão malhando. Eles também trabalham. Os músculos, é claro. Que pena que eu sou só um magrelo estudando, talvez as mulheres não vão olhar pra mim se eu tirar a camisa em um dia de sol.
Mas olhem bem para aqueles atletas. Como chamam atenção! Em seus braços pode se tatuar o mapa mundi. Não importa o frio, eles estão de regatinha e mesmo sem o sol lá estão os óculos escuros em seus rostos bem definidos. É! De fato eles atraem as mulheres, assim como as mulheres bem definidas certamente atraem os homens. Mas espera, esquecemos de pensar novamente. Os braços musculosos, os abdomens definidos, a massa, esse estereótipo todo só atrai o superficialismo, somente o interesse externo e vazio, sem critério, atrai o status e a dita cuja "sociedade"...
Acho que desaprenderam como se pensa. As pessoas crescem e vão ao fisiculturismo, ao halterofilismo. Será que eu sou muito ignorante ou essas pessoas não envelhecem, não morrem?
Enquanto vocês malham seus músculos prefiro malhar o meu cérebro. Se for pra exercitar algo, que se exercite algo que presta, algo que faz a diferença. Se precisarmos realmente sair na mão com um desses, sairemos no prejuízo, mas graças a Deus praticamos o dom do diálogo, em que esses modelos atraentes sairão no prejuízo, pois leram tantas bulas de probióticos que esqueceram-se de ler livros, gastaram tanto tempo tornando-se atração para modeletes vazias sem cultura e conhecimento que esqueceram-se que talvez um dia precisassem trabalhar para ter algo na vida. Ah, mas quão inocente eu sou novamente. Os seres que habitam as baladas e possuem carros e Red Bull são filhos de alguém, que conhece alguém, que é amigo do sobrinho do primo do tio da amiga de alguém importante. Talvez o mundo nem esteja tão serio assim. Talvez esses pais nunca morram, mas mesmo que isso venha a acontecer, a herança não acaba tão cedo. Mas e aqueles que não têm os pais ricos, não têm uma herança, não têm um futuro garantido, o que esses estão fazendo na academia?A resposta é tão simples: ficando bonitos ora....

Músculos

Aos seres que se escondem atrás de uma capa de músculos rígidos que envolvem os ossos, sufocam as idéias, apoderam-se dos pensamentos, e, por fim, tornam-se o pensamento! Ahhh! Olha lá. Cultuar algo que com o tempo se deteriora é perigoso. Apegar-se ao passageiro, ao transitório, os faz seres compreendidos apenas pelas idéias vigentes, dessas que não duram um verão. O que é um homem senão pó. E o que faz desse homem digno de lembrança, de respeito, se não houver outro homem que compreenda qual ventania foi capaz de movê-lo de seu lugar habitual. Toda espécie possui algo que a diferencia das demais. Não que eu goste de menosprezar a espécie da qual faço parte, mas não somos ligados à competência de nossos músculos nas altas rodas do mundo animal. Besouros podem suportar cinco vezes o peso de seu próprio corpo. Ninguém os vê gabando-se de sua força, de quão vistosos são seus músculos, vê? Será que encontramos nesse pequeno inseto um exemplo de humildade ou alguns de nossos convivas orgulham-se por pouco? Mas não comparemos ninguém a seres ditos “repugnantes “. Alguém nessa história poderia se ofender.
Eh! Às vezes também não consigo controlar os músculos de meu braço e as palavras saem como se fossem regidas pelo batimento do único músculo que me controla, como se o pulsar ordenasse cada pensamento, se os pensamentos fossem frutos desse tamborilar incessante. Que ironia! Acho que somos iguais. Também sou pó...

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sobre lixo nas ruas...

Pisando de papel em papel senti saudades da calçada, e deparei-me cercado de irregularidades cujas quais a sociedade acabou se adaptando. Vi-me cercado de poluição. Então falemos sobre o lixo nas ruas...

O lixo do lixo do presidente falando lixo no lixo da televisão!

E nós falamos sobre o lixo nas ruas...

Proíbem a droga... a cola que é a única droga que aquece o menino de rua, que o faz esquecer da fome, do frio e das dores; não o agasalham, mas batem nele quando é pego em flagrante.

A cidade esta soterrada por papéis de bala, cigarro, sacolas, latas e garrafas, mas ainda não entenderam que se necessita da implantação de lixeiras nas ruas, em todos os quarteirões.

Eles não têm competência para arrumar o próprio quarto, porque acreditar que seriam capazes de organizar a cidade? Inocência ou burrice?

Ah... Mas espera ai. Não estão de braços cruzados. Eles sim fizeram algo em prol da cidade: implantaram a lei “cidade limpa”, que bonito, que maravilha, tudo bem que não identificamos mais nada, que São Paulo foi perdendo sua cor, tudo bem que não adianta mais construir o sonho de uma empresa e com orgulho gravar seu nome no topo do prédio, tudo bem que tudo fica mais feio com a marca das placas, as ferragens expostas dos outdoors, a marca de tinta e sujeira por de trás de cada letra das propagandas, mas agora a cidade está limpa! Vermes insolentes. Vamos sorrindo dessa piada antes que meu corpo vire lixo no chão.

Descobri que o lixo não esta nas ruas, mas no poder, nas câmaras, no senado, na presidência, no governo. O lixo das ruas vota e coloca no poder alguém que lê “Santander Banespa”, e pronuncia “Santo André du Banespa”. Burro seria quem erra como todo ser humano que tem o direito de errar ou seriam os cretinos que escolhem por livre e espontânea vontade ser representado por um troglodita desse?

Sobre lixo nas ruas...

Cidade limpa! Querem desabrasileirar o meu Brasil!!! Na minha São Paulo os feirantes gritam, as ruas tem placas e cartazes, as luzes falam por minha São Paulo, mas meus filhos não verão isso, não viverão isso.

Quem tiver berço, educação, cultura e respeito ainda prefere andar horas com o lixo nas mãos caçando uma bendita lixeira. O resto o deixa escapar de suas mãos, embelezando mais ainda nossas ruas e praças...

Uns amam a cidade, outros nunca vão entender o que ela significa.

Os que a prezam a embelezam de verdade, artistas fazem graffiti, vândalos pixam.

Artistas fazem a poesia nos faróis da cidade com seus malabares e skates enquanto os vermes espalham o medo do perigo do assalto.

Falar sobre o lixo nas ruas... Melhor simplesmente deixar de falar, afinal de contas, nada é construído para virar lixo e ainda não aprendemos o valor de se cuidar disso.

Muito barulho por lixo

5 da manhã. É domingo. O menino acorda feliz. Talvez ele possa conseguir mais do que as habituais sobras de um PF garimpado no lixo do boteco da esquina. É dia de feira. Os caminhões chegam devagar. As barracas são armadas com prontidão. Tudo é feito com um silêncio aterrador, coisa incomum para a classe dos vendedores de leguminosas, verduras e afim. Uma lei recente não permite que eles façam o costumeiro barulho. Com o silêncio todo o menino tem vontade voltar a dormir. Não pode. Se quiser comer tem de começar a sua caça logo.

Os primeiros clientes vão chegando. É engraçado ver como os feirantes se expressam. São as mesmas tiradas, as mesmas frases feitas, tudo em tom ameno e sem graça. De repente um fulano se esquece e solta aquele grito. Todos o olham com esperança e espanto. O indivíduo ruboriza-se e volta aos seus afazeres com uma introspecção digna de uma velha virgem. Todos se assemelham a ele logo depois.

Opa! A primeira laranja cai no chão e sai pingando por debaixo da barraca. O menino entra em cena. Compete com outros pela fruta. Ganha em disposição. Perde em força. Perde a fruta. Os pasteis fervilham e são consumidos com voracidade. Os papéis que o envolvem são jogados ao vento com descaso. Amontoam-se numa lixeira que já não suporta toda aquela quantidade. Alguém pede uma coca-cola. Antigamente o caldo-de-cana não se equiparava a nada em uma feira. Era unânime. Os tempos são outros. A latinha da coca-cola junta-se ao monte de papéis que antes já queriam se separar a cada lufada. Com a companheira inconveniente então a tensão aumentava, o espaço diminuía. Coisa que não dura muito. Temos o orgulho de ser o país líder em reciclagem, e a latinha não permanece ali nem por dois minutos. O menino a leva embora. Aqui a reciclagem não é movida pela consciência publica, e, sim, pelo instinto de sobrevivência mesmo.

A laranja, o papel, a latinha Tudo a mesma coisa. Lixo. Lixo que os garis levam embora ao final da feira. Assim como tudo que por descuido ou descaso caiu das barracas ou que não foi considerado ter as mínimas condições de ser consumido por um povo cheio de pudores quando o assunto é o que vai parar em seu prato, mas não ta nem aí mesmo quando se trata da nossa rua.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Tiros em...aqui...

Tiros.

Eu - Que barulho é esse?

Local - Ih! Liga não. Deve ser os alemão querendo entrar em terreno inimigo.

Eu - Alemão? Hitler? Os nazistas voltaram?

Local - Que isso seu moço! Alemão são os caras que não é da área, mas vira e mexe tenta invadir o pedaço. Gringo só vem pra cá quando a coisa tá feia mesmo. Só com mais de 50 paletó de madeira.

Eu - E a polícia?

Local - Você não bate bem. Os dono da boca de um lado, os alemão de outro, e você quer me botar a polícia no meio disso tudo? O doutor quer um desastre?

Eu - Eu hein. Vou embora antes que piore.

Local - O senhor não tem juízo mesmo. Lá fora o mais esperto cai pela bala mais perdida.

Eu - É todo dia assim?

Local - Para em dia santo. Bandido também é filho de Deus né.

Eu - Não sei como você agüenta viver em meio a essa guerra e...

Local - O doutor tá variando das idéia. Aqui não tem guerra não. É só meia dúzia de tiros à toa, morre um aqui, outro ali, mas não é nada demais...Todo mundo já até se acostumo...Guerra é quando tem exército, morre um monte de gente...

Eu - Exército? O governador do estado não recusou a oferta de incremento das forças policiais pelo exérc...Bom, deixa pra lá. Se continuarmos o senhor tentará me convencer de que o corpo estendido na sala acordará e se levantará quando tudo isso acabar.

Local - .....

Eu - Ora. Vamos. Isso lá é hora pra dormir. Senhor? Senh...

“Os senhores da guerra"

Hoje eu matarei homens que anseiam por viver

Hoje eu morrei, milhares vão sofrer

Pai

O nosso sangue será derramado

Pai...

Em nossa lápide o alheio pecado

Pai...

Meu papai!

Suas muralhas caíram

As verdades se omitiram os sonhos sucumbiram

Eu não sei, aonde querem chegar

Suas muralhas caíram

Os medos se denegriram os erros nos sucumbiram

Eu não sei, aonde vamos parar

Nossas histórias já não são mais as mesmas

E a vontade de viver nos fizeram matar

Corpos empilhados, valores crucificados

Filhos, pais, irmãos, maridos, nenhum homem é só um soldado!

Debaixo do meu capacete, existiam as idéias e os ideais

Dentro da minha farda existiu um coração, com amor e sentimentos reais

Por dentro do meu coturno, pés calejados que findaram a trilha

E a mão que atirava e causava o luto, foi a mesma mão que ontem deu o Adeus pra minha filha!

Nossa luta, nosso sangue, sua causa meu tormento

Na bandeira nossos nomes, no muro do esquecimento

Nossos sonhos sepultados e os nosso corpos no chão

EU SEI QUE FOMOS HERÓIS, NÃO MORREMOS EM VÃO!!!

Nós não morremos em vão!!!

Os senhores da guerra, eles não lutam nela

Não aprendem com os erros, e há mais rumores de guerra

Demonstrações de poder, e ao findar de seu show

Entre mortos e feridos, diz pra mim quem ganhou